Cidades
Pai de médico atropelado em Palmas acompanha interrogatório de acusada e pede justiça
Jovem que dirigia o veículo no dia do acidente foi denunciada por homicídio qualificado. A Polícia Civil pede que ela seja levada a júri popular.
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O pai do médico Pedro Caldas diz que aguarda justiça contra a jovem acusada de provocar o acidente que matou o filho dele. Luciano Caldas esteve presente na audiência sobre o caso, realizada na tarde desta quarta-feira (10), quando Iolanda Costa Fregonesi, de 22 anos, denunciada por homicídio qualificado, foi ouvida por um juiz em Palmas. O filho dele morreu após ser atropelado em uma rodovia na capital e ficar cerca de um mês em coma.
“Estou aqui lutando pela justiça, com uma ira contida, diante da perda do meu filho, diante da ausência que ele provoca na vida dos meus netos, com muita dor. Esperando, confiante, que a justiça possa me dar uma resposta satisfatória.”
Em julho deste ano foram ouvidas pelo menos 12 testemunhas de defesa e acusação e ficou definido que suspeita seria ouvida neste mês de outubro. O caso está sendo analisado pela 1ª Vara Criminal de Palmas. Na audiência desta quarta, pai do médico criticou os argumentos da defesa.
“Esse crime horroroso, doloso, irresponsável vai ter uma punição. A defesa está tentando justificar que uma simples briguinha de uma filha com uma mãe justifica a irresponsabilidade de pegar um carro, sem carteira, sem condições de dirigir, atropelando pessoas como se isso fosse admissível numa sociedade civilizada”, desabafa o pai Luciano Caldas.
A jovem é suspeita de embriaguez ao volante e de dirigir sem habilitação. Ela foi denunciada por homicídio qualificado e a Polícia Civil sugeriu que seja levada a júri popular.
“Nessa audiência aconteceu o interrogatório da Iolanda, foi a oportunidade que ela teve para se defender […] Ela reconhece que havia ingerido bebida alcóolica na data anterior ao acidente, que se arrepende dos fatos, mas que foram as circunstâncias que levaram ela a dirigir”, explicou o promotor Rogério Mota.
A denúncia contra ela foi feita em janeiro deste ano. Segundo a investigação, em 2016, Iolanda já havia atropelado um casal na avenida Tocantins, em Palmas.
“Essa audiência de hoje foi exclusiva para o interrogatório. Todas as testemunhas foram ouvidas anteriormente, então só faltava interrogar mesmo a Iolanda. Ela apresentou suas versões dos faltos, algumas circunstâncias anteriores ao delito. Agora, o processo vai para as fases de alegações finais e caso ela seja pronunciada vai ser submetida ao tribunal do júri”, explicou o advogado Carlos Márcio Macedo, que representa a família de Pedro Caldas.
Conforme o delegado Hudson Guimarães Leite, que investigou o caso, Iolanda nunca tirou carteira de habilitação. Ela iniciou para um processo em 2014, mas não concluiu. Além disso, o fato de ter se recusado a realizar o teste do bafômetro, não atrapalhou a investigação.
“Na ocasião ela agiu da mesma forma que no caso do Pedro Caldas. Estava alterada e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As vítimas estavam em uma motocicleta e tiveram fratura exposta. Na época, elas decidiram não representar criminalmente”, disse o delegado Hudson Guimarães Leite, durante as investigações.
Após o acidente com Pedro Caldas, a jovem foi levada para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, onde pagou fiança de R$ 3 mil e foi liberada para responder em liberdade.
“Há nos autos um atestado de estado incapacidade psicomotora alterada, comprovado pelos agentes da ATTM, há testemunhas que comprovam que ela estava bêbada, exalando um cheiro muito forte de álcool.”
Entenda
Pedro Caldas e outro médico foram atropelados no dia 12 de novembro, na pista marginal da rodovia TO-050, perto do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Tocantins (Dertins).
Ele morreu depois de ficar um mês em coma e ter complicações no traumatismo craniano grave que sofreu.
A Justiça chegou a bloquear os bens que a jovem suspeita do atropelamento tem a receber de herança para garantir o pagamento de futuras indenizações. Na decisão do bloqueio, o juiz Rodrigo da Silva Perez Araújo apontou que há provas suficientes de que a jovem cometeu infração. Por isso, determinou o bloqueio de bens no valor de até R$ 3 milhões.