Cidades
Naturatins desenvolve projeto voluntário de proteção animal
Desenvolvido na sede do órgão em Palmas, trabalho voluntário cuida de oito animais
Maus-tratos, doenças, fome e atropelamentos. Infelizmente, esta é a triste realidade de milhares de animais que não possuem um lar e vivem pelas ruas. Em diferentes quadras de Palmas, por exemplo, muitas pessoas têm se mobilizado para cuidar de animais, especialmente os gatos que muitas vezes são abandonados ou que, desde o nascimento, cresceram pelas ruas.
Na Capital, existem associações, Organizações Não Governamentais (ONGs), grupos de protetores e cuidadores independentes que ajudam com resgate de animais, lar temporário, campanhas de adoção e de arrecadação de fundos para manutenção de locais como um canil ou gatil que resgatam animais em situações de risco.
Foi pensando em promover qualidade de vida a esses animais que um grupo de servidores e servidoras do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) se uniram em um projeto voluntário. Além de cuidar da fauna e da flora silvestre, o grupo se mobilizou para oferecer cuidado e proteção para felinos que não possuem lar e vivem pelas dependências da sede do órgão em Palmas.
O servidor do Naturatins Eder Jofre Alves dedica um tempo na sua agenda para liderar o projeto voluntário desenvolvido há seis meses. Eder Jofre Alves explica que boa parte da população de felinos domesticados são semidomiciliados, isto é, recebem cuidados de uma pessoa ou da comunidade, mas vivem parcialmente na rua.
“Outros vivem totalmente abandonados. Isso significa que milhões de animais estão vulneráveis nas ruas. Então, mesmo que não se possa adotar um novo amigo felino, ajudá-lo a ficar saudável, alimentá-lo e auxiliar a encontrar um lar já faz a diferença”, ponderou Eder Jofre Alves.
O idealizador do projeto Eder Jofre Alves destaca ainda a participação do grupo de servidores e servidoras que o ajuda nessa empreitada. Com o apoio de Lister Buhler, Bruna Delfino e Thana Costa, foram construídos comedouro e bebedouro para os oito bichanos nas dependências da sede do órgão ambiental.
Para a servidora Thana Costa, muitas pessoas acham o animal fofo e adota por impulso, sem se dar conta de que é uma responsabilidade que pode durar em média 13 anos. “Acho digno que eles tenham alguém para cuidar, alguém que se importe com o bem-estar deles”, enfatizou.
É comum ao andar pelas ruas encontrar animais famintos. Neste tempo de calor em que os animais sentem muita sede e muitas vezes não têm acesso à água, oferecer ração e água fresca é um gesto de amor e alivia a fome e a sede dos bichinhos. A forma ideal de alimentação é a realizada com ração, pois contém a quantidade suficiente de nutrientes necessários à saúde felina.
O auxílio profissional é muito relevante para avaliação do quadro de saúde do animal, juntamente com a necessidade de vacinação, vermifugação e castração. Considerada uma das melhores formas de cuidado, a castração controla o crescimento populacional e, por conseguinte, diminui outros problemas advindos do aumento da espécie nas ruas.
“Uma fêmea pode entrar no cio a partir de seis meses e ciclar de três em três meses. A gestação é em torno de 60 dias e o desmame dos gatinhos acontece com 30 dias, ou seja, a gata está amamentando uma ninhada e pode entrar no cio, cruzar e ficar prenha novamente. Com essa alta reprodução, a castração é a única maneira de fazer o controle populacional. A castração é um ato de amor”, destacou a médica veterinária do Naturatins, Grasiela Pacheco.
A veterinária explicou também que, em uma ninhada, nascem em média quatro gatinhos e desses, talvez um consiga um responsável para mantê-lo saudável, feliz com um lugar na família. E os outros três filhotinhos? Esses vão passar fome, sede, calor, sofrer maus-tratos e ainda podem ser atropelados.
Castração
A idade recomendada para o procedimento cirúrgico é a partir dos seis meses de vida. É um método eficaz de controle de reprodução e previne doenças reprodutivas como piometra (infecção grave no útero), câncer de mama, cistos ovarianos (em fêmeas) e hiperplasia prostática (aumento da próstata em machos).
“Gatos que não são castrados estão muito mais vulneráveis, pois vão atrás de fêmeas no cio e brigam com outros gatos podendo contrair doenças como FIV [vírus da imunodeficiência felina] e FELV [vírus da leucemia felina]). Gatos abandonados predam uma quantidade muito significativa de animais silvestres principalmente aves”, informa Grasiela Pacheco, ao argumentar ainda que animais abandonados representam um perigo à saúde pública. “O descaso com as vidas desses animais atesta a incompetência da nossa espécie em proteger aqueles que não podem ser responsabilizados pelos seus atos, são vítimas da nossa sociedade”, pondera.
A médica veterinária alerta ainda sobre a importância da conscientização quanto ao perigo de injeções anticoncepcionais (anti-cio), que predispõe a espécie a doenças graves, com fortes efeitos colaterais, muitas vezes, irreversíveis, podendo levar o animal a óbito. “O certo é castrar, porque é uma vez na vida, o investimento é baixo, o procedimento é rápido e a recuperação ocorre em sete dias”, finaliza.
Na Capital, a castração pode ser feita gratuitamente. Porém, é necessário cadastrar o animal no site do Centro de Aprendizagem, Investigação e Extensão em Vigilância em Saúde (Caievs) e acompanhar o calendário de agendamento disponível no site http://caievs.palmas.to.gov.br/.
Gurupi, na região sul do Estado, foi o primeiro município da região Norte do País a ter uma unidade de castramóvel. A capital da Amizade é considerada referência no controle de zoonoses. A solicitação de agendamento no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) pode ser feita no telefone (63) 3313-3631.
Abandono de animais
O abandono de animais é um crime previsto na Lei n° 9.605/98 em seu artigo 32. A pena é de três meses a um ano de detenção e multa, penalidade que pode ser aumentada em caso de morte. É crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos.