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Política

O campo me trouxe até aqui, escreve Kátia Abreu

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Era 1987, o Estado do Tocantins estava prestes a nascer e, junto com ele, minha trajetória na agropecuária brasileira. Grávida e com 2 filhos pequenos, foi neste ano que fiquei viúva, aos 25 anos, e tive que cuidar da fazenda deixada pelo meu marido. Sem qualquer experiência na roça, precisei aprender a tirar dali o meu sustento e dos meus filhos.

Meu amor pelo campo começou assim: com a mão na terra. Aprendi a vida na fazenda ao lado de amigos e produtores vizinhos que tanto me ajudaram naquela época em que eu vivia um misto de tristeza e coragem, de obstinação e trabalho.

Eu me aprofundei no assunto, estudei, venci a inexperiência e dei início à minha trajetória política quando me tornei a primeira mulher presidente de um sindicato rural no Tocantins.

Pouco depois, fui eleita presidente da FAET (Federação da Agricultura do Estado do Tocantins), sendo a 1ª e única mulher a dirigir a entidade, ineditismo que também alcancei quando cheguei ao cargo máximo da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), num universo até então comandado apenas por homens. Depois de eleita deputada federal e senadora por 2 mandatos, cheguei em 2015 ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O agronegócio é o maior feito da economia brasileira nos últimos 50 anos. Sinto-me orgulhosa e gratificada por ter escrito meu nome no setor e tenho muita tranquilidade ao dizer que, em todo esse caminho –desde Gurupi (TO) até a cadeira de ministra em Brasília–, meu compromisso foi com o produtor rural. Nunca foi com partidos políticos ou ideologias. Nunca foi com corporações.

Outros grandes nomes da agricultura brasileira trilharam esse caminho sem associarem sua biografia a projetos de poder, como Roberto Rodrigues (ex-ministro do governo Lula por 3 anos) e Eliseu Alves (fundador da Embrapa na década de 70).

Continuarei fomentando o setor e apoiando o produtor rural sem olhar quem representa corporações ou ocupa a cadeira do Palácio do Planalto. Foi o campo e o Tocantins que me trouxeram até aqui, e não a política. E é pelo campo e pelo Tocantins que levanto todos os dias para trabalhar.

O mesmo instinto que me guiou na defesa do direito de propriedade dos produtores rurais me levou, em uma atitude extrema, a lutar pela Constituição e pelo regimento do Senado durante a sessão destinada a eleger o novo presidente da Casa. Defesa, a propósito, referendada pelo Supremo Tribunal Federal. Sou inconformada com injustiça e sempre reagirei sem meias tintas diante de toda e qualquer ilegalidade.

Nunca desonrei meu setor porque nunca o traí, nunca pratiquei corrupção, nunca cometi atos ilegal como escuta telefônica com amigos ou inimigos nem nunca votei contra os agricultores. Alguns críticos já não podem dizer o mesmo.

Há aqueles que, mesquinhos e pequenos, almejam o poder pelo poder. Prestam-se a qualquer papel por um cargo. Essas pessoas fazem mal à política e à população. E há aqueles que trabalham em prol das pessoas, por um Brasil grande e justo. Eu me incluo no segundo grupo.

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