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Grávida em tempos de coronavírus: e agora?
Sou grupo de risco? Posso fazer consulta de pré-natal? Como planejar o parto? Posso amamentar se tiver COVID-19? Veja o que se sabe até agora
Dúvidas e inseguranças normalmente acompanham as grávidas, mesmo em tempos ditos normais. É natural que as preocupações com a gestação, o parto e o bebê aumentem no período da pandemia do novo coronavírus.
Por isso, reunimos aqui um pouco do que já foi descoberto sobre a relação da COVID-19 com a gestação e os cuidados que as famílias podem tomar.
Importante lembrar que estudos nessa área ainda são recentes e que as orientações podem mudar. Converse sempre com o médico da sua confiança.
De acordo com estudos iniciais realizados especificamente sobre o novo coronavírus, não foram encontradas evidências de que grávidas tenham maior risco de desenvolver complicações graves da COVID-19. Entretanto, estudos mais recentes demonstraram que mulheres com idade gestacional superior a 34 semanas e Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30 apresentaram mais probabilidade de complicações respiratórias no decurso da COVID-19.
Embora a transmissão vertical – ou seja, da gestante para o feto – seja pouco provável, é necessário que haja medidas para prevenir infecções neonatais. Vários estudos demonstraram que não há transmissão da mãe para o feto, entretanto, existem relatos isolados de casos em que a transmissão da COVID-19 entre a parturiente e o recém-nato apresentaram probabilidade positiva, com detecção do vírus em extratos placentários. Apesar de já existir relato de detecção de vírus no leite materno, a amamentação continua sendo recomendada desde as primeiras horas do de vida do bebê.
O fato de a gestante necessitar de visitas médicas regulares ou apresentar questões obstétricas no período pré-natal que demandem visitas hospitalares, a expõe a um maior risco de contaminação pelo novo coronavírus. Assim, as medidas preventivas, como uso de máscaras, cuidados com a higiene das mãos e isolamento social tornam-se de suma importância para esta população de mulheres. Além disso, as mudanças fisiológicas ocorridas durante a gestação podem deixar as futuras mamães mais vulneráveis a infecções em geral. Tendo isso em conta, no Brasil, o Ministério da Saúde incluiu as gestantes no grupo de risco. O mesmo vale para puérperas até duas semanas após o parto, incluindo as que sofreram aborto fetal.
O que muda para as grávidas em tempo de isolamento social?
As orientações de cuidado e prevenção são iguais às da população em geral: manter o distanciamento social, lavar as mãos com frequência, usar máscaras quando precisar sair de casa. Para gestantes que não apresentam sintomas de gripe, existe uma saída periódica mais que recomendada: a consulta de pré-natal.
A consulta mensal é importante para acompanhar o estado geral de saúde da gestante, bem como prevenir e tratar quaisquer patologias da mãe ou do feto.
A atenção precisa ser redobrada aos sinais de hipertensão e diabetes durante a gestação. De acordo com estudos em mulheres não gestantes, esses quadros aumentam o risco de desenvolver formas graves de COVID-19. Como citado anteriormente, gestantes com COVID-19 e IMC maior que 30 podem apresentar complicações mais frequentes.
Converse com seu médico: os consultórios devem estar preparados com as melhores práticas de higiene, sem aglomerações, monitorando e isolando qualquer caso suspeito de síndrome gripal. Não se esqueça: também a paciente deverá usar máscara e lavar as mãos antes e depois da consulta.
Para as gestantes que estão com sintomas gripais e estejam em isolamento domiciliar, o recomendado é reagendar a consulta para o período posterior ao término do isolamento (14 dias desde a manifestação dos sintomas).
Em casos de emergência, segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o ideal é que sejam avaliadas em ambiente dedicado ao atendimento de pessoas com sintomas da COVID-19, tomando todas as medidas de segurança.
A instituição destaca a ajuda que a telemedicina pode oferecer no acompanhamento de casos durante o isolamento domiciliar. Eventuais casos de internação serão avaliados por equipe interdisciplinar, incluindo infectologistas e obstetras, conforme a gravidade.
Parto normal ou cesárea?
Essa é uma dúvida frequente e deve ser discutida com o médico que acompanha o pré-natal. O momento e o tipo do parto devem ser individualizados conforme o estado clínico da gestante, idade gestacional e a condição fetal. Se uma gestante evoluir espontaneamente para parto vaginal, com boa progressão, deve-se permitir esta via natural para o parto.
Segundo a Febrasgo, mesmo em casos de mulheres infectadas pelo novo coronavírus, o parto normal (via vaginal) é o mais indicado. Em casos de maior gravidade ou insuficiência respiratória, a cesárea deve ser uma opção.
Com ou sem sintomas de COVID-19, o ambiente hospitalar é o mais adequado para diminuir a morbimortalidade de mãe e bebê. As maternidades e hospitais adotam normas de segurança e cuidados específicos para redução do risco de transmissão de doenças.
Além disso, pacientes suspeitas ou confirmadas para COVID-19 devem ser internadas, se possível, em hospitais de referência, para mais eficácia em eventuais complicações para a mãe ou para o bebê.
Posso amamentar com COVID-19?
A despeito de existir a possibilidade da presença do vírus no leite materno, até o momento, a amamentação precoce segue sendo recomendada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mulheres que estejam em boas condições de saúde, mesmo com a COVID-19, podem amamentar. Nesse caso, é fundamental a utilização de máscara e higienização correta das mãos.
Independentemente da pandemia, recém-nascidos devem ficar longe de aglomerações, já que o sistema imunológico deles ainda está se formando. O ideal, por enquanto, é adiar as visitas e focar nos cuidados com o novo membro da família e a mamãe.
Quais os cuidados com o recém-nascido?
Embora seja pouco provável a transmissão vertical da COVID-19, os bebês nascidos de mães com COVID-19 podem adquirir a infecção após o parto. Atualmente, também não há evidências suficientes sobre a transmissão da doença pela amamentação e a necessidade da separação de uma mãe portadora de COVID-19 e seu bebê. Se a mãe estiver gravemente doente, obviamente será necessária a separação. Entretanto, recomenda-se a extração de leite materno para manter a produção de leite.
Caso a parturiente seja assintomática ou com sintomas leves, deve-se recomendar a manutenção da amamentação e, se possível, alojamento conjunto.
Como a principal forma de transmissão do vírus se dá por meio de gotículas respiratórias, recomenda-se que as mães que amamentam atentem para a adequada e frequente higienização das mãos, além do uso contínuo de máscaras cirúrgicas com três camadas antes de lidar com o bebê. Em caso de alojamento conjunto, recomenda-se que o berço seja mantido a pelo menos 2 metros de distância da cama da mãe.
Os cuidados essenciais com o bebê após o nascimento são muito importantes. Especialmente as vacinas e as visitas ao pediatra para controle de peso e saúde do recém-nascido não devem ser adiadas. A cada consulta, o médico vai orientar sobre os retornos.
Além disso, restringir as visitas é uma medida muito importante para reduzir o risco de contaminação, tanto para a mãe, quanto para o recém-nascido. O isolamento social é a melhor medida, neste caso. O ideal é que as visitas sejam adiadas para quando a pandemia estiver sob controle. O uso de videochamadas pode minimizar a distância de parentes próximos e outras pessoas queridas que queiram ver a criança.