Política
Na Argentina, Lula é homenageado por luta democrática e direitos humanos
Durante entrega do prêmio Azucena Villaflor, concedido a diversas personalidades, Alberto Fernández anunciou criação de um espaço de memória no Campo de Mayo, onde foram torturados mais de 5 mil argentinos
Em um justo reconhecimento por sua luta por justiça, democracia, direitos humanos e pela integração latino-americana, o ex-presidente Lula recebeu, nesta sexta-feira (10), em Buenos Aires, uma homenagem especial, durante a cerimônia de entrega do prêmio Azucena Villaflor, concedido às Defensoras e Defensores dos Direitos Humanos. Lula foi agraciado pela Secretaria de Direitos Humanos da Argentina com uma placa em reconhecimento “por sua trajetória em favor dos direitos humanos de nossos povos”.
O prêmio Azucena Villaflor foi entregue a personalidades como o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, entre outros. A cerimônia ocorreu no Museu do Bicentenário com as presenças do presidente da Argentina Alberto Fernández e da vice-presidente Cristina Kirchner.
Durante o evento, Fernández disse que o ex-presidente Lula é um homem de bem, que sempre lutou pela democracia e os direitos humanos e que foi perseguido e condenado injustamente. Ele saudou ainda a todos os premiados pelo compromisso com a verdade e a justiça, em especial as Mães da Praça de Maio, pela coragem e pela luta incansável nos momentos mais difíceis vividos pelo país.
Democracia e direitos humanos
Fernández lembrou que democracia e direitos humanos são conceitos que andam juntos. “A democracia tem a ver com Estado de Direito, e o Estado tem a ver com garantir liberdade e segurança a cada cidadão”, discursou.
O presidente também reforçou que os governos devem ser vigilantes em relação à violência institucional, que ameaça as sociedades. Fernández , compartilhando sua manifestação com Kirchner, apontou para “a importância da conquista da justiça pelo ex-presidente Lula, perseguido e condenado injustamente”.
Para ele, uma vitória “importante neste momento em que a democracia é assediada por posições de extrema direita, intolerantes, xenófobas e homofóbicas”. Fernández também destacou “o quanto vale a unidade dos movimentos populares”.
Campo de Mayo, espaço de memória
Na ocasião, Fernández e o secretário de Direitos Humanos, Horacio Pietragalla Corti, anunciaram a criação, no Campo de Mayo – base militar utilizada como centro de extermínio pela ditadura argentina – de um espaço de memória para honrar as mais de cinco mil pessoas sequestradas e torturadas, muitas das quais nunca mais se ouviu falar. O espaço de memória também marca os 38 anos de retorno à democracia no país, que sofreu com as atrocidades da ditadura entre 1976 e 1983.
Também foram homenageados a presidente da Abuelas de Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, a integrante da organização Mães da Plaza de Mayo Línea Fundadora, “Taty” Almeida, o advogado de defesa de presos políticos, Hipólito Solari Irigoyen, a integrante da organização “Mães na Luta Contra a Violência Institucional”, Dolores Sigampa de Demonty, o cineasta Pablo Torello, e a juíza e ex-integrante da Comissão Nacional de Desaparecidos (CONADEP) Lucila Larrandart.