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Pesquisador tocantinense desenvolve bioinseticida para uso urbano e rural

Iniciativa é resultado de um estudo científico inédito com baixo custo, ecológico

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Cientista tocantinense, Raimundo Wagner desenvolveu projeto científico de bioinseticida com apoio do Governo por meio da Fapt

Cientista tocantinense desenvolve uma solução ecológica para o combate do mosquito Aedes aegypti e de outros insetos predadores de larvas em áreas de produção agrícola. O bioinseticida produzido a base de planta Siparuna guianensis (também conhecida como negramina) traz inúmeras vantagens como baixo custo e preservação do meio ambiente e da saúde humana. O estudo faz parte do Programa Pesquisa para o Sistema Único Saúde (PPSUS), financiado pelo Ministério da Saúde e tem por gerenciador técnico administrativo o Governo do Tocantins, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt).

Para o presidente da Fapt, Márcio Silveira, o apoio da Fundação foi de suma importância para o desenvolvimento do estudo realizado pelo pesquisador, pois gerou conhecimento inovador que vai trazer muitos benefícios à sociedade. “O investimento em pesquisa científica na área da saúde tem sido uma prioridade, pois entendemos que sem recurso financeiro nesse segmento, não há desenvolvimento econômico e social. Desta forma, queremos transformar todos esses estudos em políticas públicas e estimular o empreendedorismo”, ressalta Márcio Silveira.

O bioinseticida é produzido em um equipamento denominado biorreator industrial e está situado no Laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do Tocantins (UFT) câmpus de Gurupi, onde é coordenado pelo professor doutor em Biologia Molecular, Raimundo Wagner Aguiar, que atua na instituição e no desenvolvimento do projeto sobre Formulações de inseticidas biorracionais para controle de mosquitos. O estudo conta ainda com a participação de graduandos, mestrandos e doutorandos.

Para o acadêmico do 9° período de Engenharia de Bioprocesso e Biotecnologia da UFT, Higo Cristian Rodrigues Barros, que atua no laboratório com processo fermentativo, inoculação de bactérias e inseticidas biorracionais, a experiência tem sido valiosa. “O trabalho tem me proporcionado aprendizado e agregado riqueza de conhecimento, favorecido a prática profissional e o aperfeiçoamento diário”, pontua estudante.

Uso do bioinseticida em combate ao Aeds Aegypti

Segundo o cientista, o uso do bioinseticida é uma questão de saúde pública, principalmente nesse período chuvoso onde há grande infestação de doenças ocasionadas pelo Aedes aegypti nos centros urbanos. E o bioinseticida tem sido a maneira de eliminar larvas e classes de mosquitos resistentes causadores da dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus. O estudo já rendeu a publicação de três artigos científicos em parceria com outras instituições.

“O custo-benefício é muito vantajoso para a gestão pública. Para se ter uma ideia, o equipamento tem capacidade industrial de 1.200 litros em 72 horas de fermentação, ou seja, uma produção de 9.600 litros de bioinseticida mensal, com um custo de R$ 82,40 por litro. O produto é tão eficaz que possibilita uma rentabilidade surpreendente, com apenas uma gota é possível usar em um litro de água. Ou seja, com 1.200 litros, seria possível combater a doença de uma população de 120 mil habitantes de acordo com a infestação predial do mosquito”, explica o pesquisador Raimundo Wagner.

Custo-benefício do bioinseticida na agricultura

O biorreator possibilita ainda a produção de mais de seis tipos de bioinseticidas que poderão ser usadas em diferentes fases de culturas agrícolas, visando ao controle de mosquitos e combate de lagartas e pragas em áreas rurais. A tecnologia pode ser um grande aliado, por meio do uso de drones na pulverização dos plantios. Com 1.200 litros de produto, é possível pulverizar uma área de 1.200 hectares. O bioinseticida está em uso experimental em plantios situados na região sul do Estado, onde tem tido resultados significativos na produtividade e na preservação ambiental e da saúde humana.

Desvantagens do inseticida químico

No projeto científico do pesquisador, consta que o uso do inseticida químico tem sido recorrente em todo o país no controle de insetos e vetores. No entanto, o uso prolongado é inadequado e resulta na contaminação desenfreada do meio ambiente, intoxicação, mortes e prejuízos à saúde pública. Desta forma, se fazem necessários esforços que visem à prospecção de produtos e biotecnologias biorracionais, ou seja, uso de microrganismos e derivados de produtos extraídos de plantas para controle do mosquito e de populações resistentes a inseticidas.

“A forma mais eficaz de prevenção é o controle do inseto vetor nos centros urbanos, através de estratégias que utilizem formulações larvicidas contendo estirpes novas da bactéria BTI [Bacillus Thuringiens Subsp Israelensis] e/ou de formulações repelentes contendo óleos essenciais de plantas Siparuna Guianensis Aublet, também conhecida como negramina”, afirma o pesquisador.

Políticas públicas

A pesquisa está há dez anos em desenvolvimento, devido a participação do pesquisador em três editais do PPSUS/TO/FAPT, onde obteve apoio financeiro para o estudo. Mas a meta do projeto é a popularização do bioinseticida à sociedade, e o grande desafio e a busca por potenciais parceiros para manter o estoque de insumos e manutenção do laboratório.

“Nossa perspectiva é registrar o projeto nos órgãos competentes, firmar parcerias público privada, a fim de beneficiar de forma sustentável o maior número de centros urbanos e de área rurais do Tocantins. É importante que o projeto se transforme em políticas públicas, e o apoio dos órgãos de saúde municipal, estadual e federal contribuirá de forma significativa para o combate ao Aeds Aegypt. É interessante ressaltar ainda que a tecnologia desenvolvida no projeto pode ser disponibilizada para incubadora de empresa dos municípios, para pessoas do setor produtivo e ainda para ex aluno que poderão estar produzindo o bioinseticida para o controle do mosquito”, ressalta o cientista Raimundo Wagner.

Entenda o Programa PPSUS

É uma iniciativa de descentralização de fomento à pesquisa desenvolvida em todos os estados, com o objetivo de financiar pesquisas em temas prioritários para a saúde da população, além de promover a aproximação dos sistemas de saúde, ciência e tecnologia locais. O foco do programa é adotar um modelo de gestão descentralizado e participativo, envolvendo gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e representantes da sociedade civil. O Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) é desenvolvido no Tocantins, com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), pelo Ministério da Saúde, pelo CNPq e pela Secretaria de Estado da Saúde. Já o trabalho do pesquisador é realizar o estudo e produzir resultado para subsidiar a tomada de decisão do gestor de saúde.

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