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Amor sem face: Casal supera junto o preconceito contra a cegueira

Maria e Marques que é deficiente visual estão juntos há quase 20 anos e criaram um relacionamento baseado no companheirismo

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O primeiro contato desse relacionamento foi pela voz de Marques como radialista e Maria a ouvinte que ligava para pedir músicas. De longe assim, ela nem imaginava que o futuro marido era cego. Não que isso importasse para a esposa, mas teve resistência da família e da sociedade. Esse é o segundo casal homenageado da série “Amor sem face”, que trará entrevistas de quem construiu uma história baseada na parceria e com cenários incomuns.

“Como que esse cego vai te sustentar? Falavam essas coisas por falta de informação”, relatou Maria Aparecida Sousa Lima Carvalho, 45 anos, sobre o começo do namoro com Marques Elex Silva Carvalho, 49 anos. A grande pressão e a obediência à família fizeram com que ela até pedisse um tempo, que não durou muito porque a admiração e o amor falaram mais alto e a decisão foi por superar tudo. Eles completarão 20 anos de casados em julho deste ano.

Hoje, Marques é advogado e presidente do Conselho Municipal da Saúde, entre outros títulos em conselhos. Para ele, essas conquistas e reconhecimentos passam pelos olhos da esposa. “Já fizemos muitas audiências juntos, quando está presente nada acontece que fuja do controle. No começo, não tinha acessibilidade da tecnologia, então passávamos madrugadas lendo documentos. Ainda me ajudava a montar petições, já ganhei processos com argumentos dela”.

Esse companheirismo para crescer juntos é o mais importante do relacionamento do casal na visão de Maria. “Ninguém é perfeito, temos defeitos e qualidade, nós erramos. Quando algo acontece que discordamos, conversamos e colocamos uma pedra sobre aquilo. Há pessoas que ficam pisando, revirando os erros e assim não dá certo”.

Cidade em transformação
Por esse zelo um pelo outro, Marques ainda conta que a mulher teme por acreditar que ainda há muitos desafios para as pessoas com deficiência. “A cidade foi feita sem planejamento. Antes era comum a pessoa com deficiência ficar escondida em casa, não tinha necessidade de se pensar a cidade para os deficientes. Atualmente vivemos uma revolução arquitetônica”.

O advogado conta que a sua individualidade ainda depende do respeito. “Ainda não dá para comprar pão porque falta respeito de alguns motoristas, mas consigo ir à escola da minha sobrinha porque é totalmente acessível”.

Marques acredita que, para melhorar a vida de quem é cego e precisa ter uma vida normal, as pessoas precisam despertar para a educação. “Quando encontro por exemplo uma vaga de estacionamento ocupada por alguém que não precisa, ligo para a fiscalização. Precisamos denunciar mais”.

“Ninguém é perfeito, temos defeitos e qualidade, nós erramos. Quando algo acontece que discordamos, conversamos e colocamos uma pedra sobre aquilo. Há pessoas que ficam pisando, revirando os erros e assim não dá certo”, afirmou a esposa

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